Lionel Andrés Messi: Quero Ser Gigante

Foram cerca de quatro horas de sessão no mês passado para que Lionel Andrés Messi tatuasse na perna esquerda, aquela responsável por mais de 60% dos seus gols, as mãos rechonchudas do seu filho, Thiago Messi Roccuzzo, nascido em novembro do ano passado. O desenho não tem mais do que 15 centímetros de altura, uns 8 de comprimento, no máximo, mas há ali certa poesia, o instantâneo de tudo que ele alcançou até agora – a biografia de um jogador de futebol resumida em uma perna, marcada por gols dignos de videogame, dribles impressionantes, elogios sem fim, prêmios, marcas de botinadas dos adversários, e agora em uma tatuagem do seu filho. Essa história, no entanto, ainda tem capítulos a serem escritos, um final aberto, uma incógnita. Quando Thiago crescer e tiver uma noção melhor de quem é seu pai, seu conto de ninar favorito pode ser este, a do jogador baixinho, nascido em Rosário, que se tornou o maior artilheiro da história de seu clube, superou o recorde de redes balançadas em uma mesma edição do Campeonato Espanhol, com 50, e da Liga dos Campeões, com 14 gols. Ou pode ser a de um jogador ainda maior. A fábula de um mito.

Pelos próximos 15 meses, até a final da Copa do Mundo do Brasil no Estádio do Maracanã, lá pelas 18 horas do dia 13 de julho de 2014, Messi pode desenhar novos rumos para a sua perna esquerda e definir essa história de ninar para Thiago – será ele um jogador espetacular, como Johan Cruijff e Zico, ou uma lenda, um alienígena da bola, como Pelé e Maradona? “Sempre disse que quero ganhar tudo com o Barcelona e com a Argentina, e o Mundial é algo que sonho ganhar”, disse ele em entrevista exclusiva para a ALFA. Será a terceira tentativa de Messi, agora líder absoluto da seleção albiceleste, de levar seu país ao topo do futebol mundial. “A diferença é que muitos de nós chegamos com mais experiência para competir, e isso é algo a mais. Temos bastante clareza de que o Brasil joga em casa e tentará ficar com esse prêmio. Mas não é só o Brasil que o deseja, e faremos todo o possível para sermos campeões.”

Mais maduro, menos tímido, mais seguro de si e ainda mais genial com a bola nos pés, Messi parece pronto para assumir esse papel. Para o fanático torcedor brasileiro, esta reportagem não tem muitas boas notícias, sejamos sinceros logo de início. Messi é um jogador melhor hoje do que era ontem, e isso se repete desde seus 16 anos de idade, quando debutou em um amistoso contra o Porto, na inauguração do Estádio do Dragão, em novembro de 2003. E, nesta escalada, promete chegar tinindo à estreia da Argentina na Copa do Mundo para tentar virar lenda. “Seu futebol mudou muito pouco, mas ele cresceu muitíssimo”, diz Ivan San Antonio, jornalista responsável pela cobertura do Barcelona no jornal catalão Sport. Principal jogador de uma geração de craques, como Cristiano Ronaldo, Zlatan Ibrahimovic e Falcao García, o baixinho chamava a atenção desde as categorias de base. Para San Antonio, Messi joga, hoje, como jogava quando era juvenil. A diferença é que está absurdamente mais seguro, assumindo confortavelmente o papel de craque. “Seu futebol era espetacular com 13, 14, 15, 16, 20, assim como é agora, com 25 anos de idade”, conta. “Me lembro de que, quando ele era juvenil, era um desastre na zona de imprensa. Todas as respostas eram monossilábicas: ‘Sí. No. Sí. No’. Com 15 anos, você pode até ser um grande futebolista, mas não uma pessoa madura. Mais velho, ele formou uma personalidade, assumiu sua responsabilidade dentro da equipe e, hoje, sabe que é seu líder.”

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